(Por Claudia Corbett)
Eles estão conquistando cada vez mais espaços na sociedade. Os jovens com Síndrome de Down estudam em faculdades, namoram, trabalham e fazem sucesso no mercado da moda e na área cultural.
Esta realidade acontece graças aos esforços de instituições como a Fundação Síndrome de Down (FSD) e Centro de Educação Especial Síndrome de Down (CEESD), parceiras da Fundação FEAC. Elas atendem jovens, acima de 16 anos, com deficiência intelectual e contribuem com a promoção de projetos de apoio à vida adulta. O objetivo é estimular o desenvolvimento das potencialidades da pessoa com Síndrome de Down, para favorecer a inclusão, por meio de atividades que atendam suas necessidades cotidianas. As instituições são ainda participantes do programa Mobilização para Autonomia (MOB), iniciativa do Departamento de Assistência Social da Fundação FEAC, que visa formar e sensibilizar a rede de entidades e a sociedade em geral no intuito de reduzir barreiras à inclusão efetiva de pessoas com deficiência, promovendo, assim, sua autonomia.
O processo de amadurecimento do jovem com Síndrome de Down muitas vezes não tem a ver com déficit cognitivo. Pode estar relacionado com a ausência de oportunidades para resolução de seus próprios problemas. É na inserção em ambientes para além da família que se vislumbra crescimento individual focado nas necessidades pessoais, econômicas e relacionais.
Um exemplo disso é Guilherme Amado Rigatto, 21 anos, que trabalha há três anos na Livraria Cultura, do Shopping Iguatemi Campinas. “Desde que comecei a trabalhar conheci muitas pessoas e aprendi muitas coisas”. Cordial e simpático com a equipe e clientes, ele transita pela livraria cumprindo sua função de auxiliar de vendas com seriedade e responsabilidade. “Gosto muito de estar entre os livros e CDs”, confessa Guilherme.
Mundo do Trabalho
O trabalho é um dos meios para inclusão das pessoas com Síndrome de Down. Dentro das instituições existem projetos que contribuem para isso. “Apoiamos estes jovens na melhoria da utilização da língua portuguesa, dificuldades na leitura e compreensão de textos e na escrita. Também orientamos sobre o que devem vestir, como se comportar, entre outras dicas”, enumerou Eduardo Henrique Tedeschi, psicólogo responsável pelo Serviço de Formação e inserção para o Mercado do Trabalho, da Fundação Síndrome de Down.
Antes de começar o trajeto que o levará até o emprego, o jovem precisa querer trabalhar. Desta forma será possível descobrir potencialidades. Este é o primeiro passo para começar a construir seu projeto de vida, com valores pessoais, desejos e sonhos, habilidades e necessidades.
“Muitas vezes eles têm potencial e conseguem assumir uma série de funções que são ofertadas pelas empresas, mas por conta da superproteção em casa, não aprendem a desenvolvê-las”, explicou Tedeschi.
O segundo passo é o estágio que proporciona aprendizado prático. A vivência é acompanhada por um profissional das entidades que orienta e acompanha as demandas e media a comunicação com a equipe de trabalho. “Buscamos fazer palestras sobre Síndrome de Down nas empresas, além de analisar a função que irão realizar e visitas de acompanhamento e orientação. Tudo para que se sintam seguros e tenham respaldo de seus colegas de trabalho”, complementou Lívia Rech de Castro, psicóloga integrante do grupo de Assessoria ao Trabalho do Centro de Educação Especial de Síndrome de Down (CEESD).
Quando o jovem já se familiarizou com sua função e gosta do trabalho que está desenvolvendo, ele atingiu a etapa final. “Isso quer dizer que ele já pode seguir sozinho”, completou Lívia ao relatar que dezenas de garotos e garotas que passaram pela instituição já não mais precisam dos serviços.
Vida Social
Tanto a Fundação Síndrome de Down como o CEESD oferecem projetos que levam os jovens com Síndrome de Down a conviverem com seus grupos e levarem uma vida social.
As duas instituições incentivam a rotina social que todo jovem adota ao frequentar locais de convívio normalmente apreciados por esse público. Esse momento de diversão oportuniza que vivenciem situações de escolhas e tomadas de decisões. Nas primeiras saídas, o grupo é acompanhado por profissionais das entidades que dão apoio e criam situações diferentes, utilizando novas estratégias e recursos que posteriormente são aproveitados no dia a dia.
“O resultado das saídas que acompanhamos ou das organizadas pelas famílias dos jovens são satisfatórios. Eles se mostram desenvoltos na hora de fazer o pedido, usar talheres e na organização pessoal na mesa”, salientou Lívia. “Quando eles estão em locais públicos quebram o paradigma que, por causa da deficiência, devem ser tratados como se fossem crianças”, respaldou.
Saídas culturais também são estimuladas para enriquecimento dos repertórios. “Na última exposição, o monitor fez uma abordagem diferente durante a visita à mostra e isso fez com que eles se envolvessem com as obras que viram”, comemorou Lívia.
Mais informações:
Fundação Síndrome de Down – www.fsdown.org.br
Centro de Educação Especial de Síndrome de Down – ceesd.org.br
Fonte: FEAC