Segundo a Constituição de 1988:
“A educação é um direito de todos e é dever do Estado e da família. Será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Este direito está dentro de um conjunto chamado direitos sociais e que buscam a igualdade entre as pessoas. As crianças e os adolescentes tem alguns direitos básicos como acesso à escola pública gratuita próxima à sua residência, serem respeitados pelos educadores, ter igualdade de condições para a permanência na escola e o direito de contestação aos critérios de avaliação.
Além disso, é dever do Estado, o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência (de preferencia na rede regular de ensino), entre outros deveres como ensino gratuito, assistência à saúde, transporte e alimentação.
1. Sobre a Síndrome de Down
A Síndrome de Down é uma alteração cromossômica causada por um cromossomo extra no par 21, ou seja, o humano que não tem down, apresenta 46 cromossomos (pares de 23), já o humano com down, tem 47 cromossomos (três copias do cromossomo 21, ao invés de duas).
Possuem características físicas semelhantes entre eles e apesar de apresentarem certa dificuldade intelectual e de aprendizado, devem ter estímulos desde a infância. Devem conviver em sociedade normalmente, atender a escolas, e serem tratados como qualquer outra pessoa (com cautela). Isto se dá, pois o “grau” é inversamente proporcional ao estímulo que a criança recebe na sua infância.
2. Educação Infantil
Crianças com a síndrome, devem ser colocadas nas escolas desde os primeiros anos de vida, assim como qualquer outra. O ideal é que elas estudem em escolas que tenham inclusão de pessoas com deficiência, para que tenham convívio com crianças que não possuem a síndrome (Lei 13.146/2015). Não são todas as escolas que lidam bem com a inclusão, por isso o ideal é buscar um colégio onde já exista um histórico de inclusão.
A entrada no ensino fundamental é um marco na vida para todas as crianças. Aqui, iniciam-se todos os desafios, entre eles a obrigação de estudar e a convivência com outros colegas. Este é o momento, onde o “cordão umbilical imaginário” é definitivamente cortado. Uma metáfora usada para descrever a separação do filho de sua mãe.
A infância é o momento onde a criança recebe os primeiros estímulos, que irão influenciar na sua trajetória escolar e no seu desenvolvimento futuramente.
A inclusão escolar de uma criança com síndrome de down, ou com qualquer outra deficiência intelectual neste período da vida costuma ter resultados muito positivos, tanto para a a própria criança deficiente, quanto para as demais crianças da instituição. Foi realizado uma pesquisa pelos alunos de psicologia da Universidade de São Paulo, onde concluíram que crianças que tiveram contato com outras crianças portadoras de deficiência, desenvolveram atitudes tolerantes, respeito ao próximo e o uso do diálogo.
A convivência com crianças que não tem down é muito importante pois elas servem como exemplos para as que tem a síndrome. O desenvolvimento é influenciado, diretamente, pelo relacionamento com pessoas da mesma idade e de diferente situação. Ajudar nesse desenvolvimento, cabe ao professor, assim como ajudar o aluno deficiente, caso ele precise de uma ajuda extra.
O down, pela sua dificuldade de aprendizado, sempre estará em um estágio de desenvolvimento emocional e social anterior aos demais. A consequência disso é um entendimento de assuntos comuns menos avançado e um comportamento semelhante a crianças mais novas. O tempo de concentração deles é menor do que os demais, alem disso, tem dificuldade de realizar tarefas que utilizem mais de um sentido por vez, como por exemplo, ouvir a professora e copiar o que ela fala.
3. Atividades extra curriculares
Alem de ir à escola, para que possam ter um melhor desenvolvimento e garantir efeitos positivos a criança também deve realizar algumas atividade complementares, para melhorar ainda mais o seu desenvolvimento. Entre elas:
A terapia é extremamente importante, para o desenvolvimento de qualquer criança, tenha ela alguma deficiência ou não. Apesar de ser algo que ainda tem muita resistência vindo de alguns pais, o desenvolvimento das pessoas torna-se algo muito mais saudável e prazeroso quando desde uma idade jovem, inicia-se um tratamento terapêutico. Com a criança com down, não é diferente, poderá ela se abrir e fazer atividades com o psicólogo para melhorar o seu desenvolvimento com seus amigos, familiares, professores, etc.
Fonoaudiólogos são essenciais na fase inicial da vida, quando a criança está aprendendo a falar. O down, pode apresentar muita dificuldade na fala, mas com acompanhamento e trabalhos verbais do fonoaudiólogo, melhora consideravelmente seus sons vocais.
Fisioterapeutas irão aconselha-los a ter a postura correta ao sentar-se, em atividades físicas.
Pediatras irão monitorar qualquer alteração médica na criança, seja ela desde uma febre, até doenças mais graves como problemas cardíacos.
Psicólogos Educacionais avaliarão o desenvolvimento educacional da criança (obrigatório no país), alem de ajudar qualquer dificuldade de aprendizagem que apresente.
Assistentes de educação estarão sempre presentes na vida escolar infantil da criança, aconselhando o planejamento curricular, estabelecendo alvos, metas, etc.
4. Desenvolvimento de habilidades
A maioria das crianças com a síndrome, devem ser devidamente ensinadas a como utilizar os brinquedos da escola, como brincar com as demais crianças e como desenvolver a imaginação. Inicialmente, por falta de conhecimento, alguns podem apresentar certa resistência à algumas atividades, como exercícios que envolvam sujar as mãos, ou que envolva muito barulho. É algo normal, o que se deve fazer é ensinar lentamente o que é, como se faz, o porque disso, e mostrar que é algo normal e que todos fazem, que não é algo que apenas ele está fazendo. Cada um tem seu ritmo, pode ser que a criança com down demore mais do que as demais para entender o que está acontecendo, mas não se pode apressar a atividade.
5. Perfil de aprendizado
A criança com síndrome de down tem um perfil específico de aprendizado, com características próprias, algumas muito fortes, e algumas fracas. Existem alguns fatores que facilitam o aprendizado, e outros que inibem esse aprendizado. Deve-se focar nos fatores que ajudam a criança e facilitam o seu desenvolvimento intelectual e fisico.
São fatores que facilitam o aprendizado aqueles que tem consciência visual e habilidades de aprendizagem visual, como gestos, sinais e apoio visual, copiar o comportamento dos colegas de classe e aprender com atividade manual.
Já os fatores que inibem o aprendizado são as habilidades motoras atrasadas, problemas auditivos e visuais, problemas de fala e memória a curto prazo fraca.
As crianças tendem a aprender com mais facilidade, olhando para as demais, ou seja, usando o seu sentido da visão. Isto torna-se uma dificuldade, quando a criança tem alguma deficiência visual (entre 60 a 70% das crianças com down tem algum tipo de deficiência, e devem usar óculos desde muito novos). O que os pais devem fazer, é estar sempre de olho e levando a criança para fazer exames visuais para que, caso ele tenha algum problema visual, seja resolvido, com óculos, desde o inicio.
A deficiência auditiva, normalmente atinge a criança nos primeiros anos de vida. A perda do sentido da audição, pode prejudicar o desenvolvimento da linguagem e da fala.
Qualquer atraso motor nos primeiros anos de vida, afeta diretamente o desenvolvimento da criança, pois, quase todas as atividades do cotidiano, exigem um esforço motor. É normal que os downs tenham mais dificuldades em manusear alguns objetos por causa do seu atraso motor. Isto é algo simples de se resolver, apenas precisarão de mais ajuda na hora de trabalhar os seus movimentos.
A dificuldade na fala e na linguagem é uma característica das pessoas que tem síndrome de down. No entanto, com ajuda e trabalhos de fonoaudiólogos, conseguem se comunicar normalmente e ser entendidos normalmente. O vocabulário deles, nunca será igual ao de uma pessoa sem a síndrome, pois o deles é muito mais restrito, o que não restringe a comunicação. Eles tendem a se comunicar não só com a fala, mas com sinais e gestos, o que ajuda aqueles que estão tentando entender. Para encorajar o desenvolvimento da fala, é importante que lhe sejam proporcionadas todas as atividades para auxiliar a sua compreensão e comunicação.
6. Comportamento
O comportamento está ligado ao nível de desenvolvimento que essa criança teve, a quanto estímulo essa criança teve, tanto na escola, como em casa com os pais. Como dito anteriormente, uma criança que tem síndrome de down, age como se tivesse alguns anos a menos do que as crianças que não tem a síndrome que tem a mesma idade que ela. Sendo assim, seu comportamento será equivalente ao de uma criança mais nova do que a sua idade real.
As dificuldades que eles tem que enfrentar durante a sua trajetória de vida são muito mais intensas e complicadas do que as que uma criança sem a síndrome deve enfrentar. Tudo é mais difícil e trabalhoso para eles. Por este motivo, tendem a se frustrar com mais facilidade, levando em alguns casos à um comportamento inadequado e extremo. Ficam ansiosas com facilidade, e inquietas. Nestes momentos, devem ser educadas, e não desrespeitadas.
7. Transição para o Ensino Fundamental
Na idade infantil, a inclusão é algo mais “fácil”, pois as demais crianças, não notam que existe uma diferença entre as que não tem síndrome de down e as que tem. Nesta idade, todos são aceitos e tratados igualmente. O grande problema na transição para o ensino fundamental, é que existem crianças que não aceitam as diferenças, e resistem à inclusão. Isto gera um problema chamado “bullying”. O Bullying é a prática de atos violentos, intencionais e repetidos, contra uma pessoa indefesa, que pode causar danos físicos e psicológicos às vítimas. É normalmente praticado contra pessoas que não conseguem se defender, ou até mesmo entender o motivo das agressões. O bullying mais comum é o que ocorre no ambiente escolar. Isto atrapalha o aprendizado do aluno, alem de afetar o seu comportamento fora da escola.
Esta pratica é muito comum em pessoas com deficiência. Cabe ao professor colocar um limite, e acabar logo de cara para que não chegue a um estado muito avançado.
8. Conclusão
Atualmente, pessoas com síndrome de down, estão mostrando ao mundo que são capazes de realizar diversas atividades, superar barreias e realizar sonhos. Os downs, estão virando chefes de cozinha, abrindo seu próprio restaurante, descobrindo suas habilidades em arte, participando de propagandas de marcas famosas, virando jogadores de futebol, participando de peças de teatros, entre outros. Estão provando ao mundo que eles são capazes de fazer as mesmas coisas que uma pessoa considerada “normal”. Ser diferente, é normal.
Fonte: Jusbrasil
Autora: Carolina Reis