Dia 15 – A puberdade em jovens com Síndrome de Down

Dia 15 - A puberdade em jovens com Síndrome de Down

Assim como os outros adolescentes, os portadores de Síndrome de Down experimentam as mesmas mudanças físicas e emocionais no período da puberdade. Os sinais da puberdade começam a se manifestar, normalmente, na mesma época que qualquer outro adolescente, podendo variar em alguns casos. Essas variações, em geral, estão dentro da normalidade.

Os desejos sexuais aparecem com a puberdade e o jovem precisa ser muito bem orientado. Devido à sua imaturidade (na maioria dos casos a maturidade não acompanha a idade cronológica), muitas vezes ele não consegue lidar com tais mudanças.

Segundo um artigo intitulado Aspectos genéticos e sociais da sexualidade em pessoas com Síndrome de Down,publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria, “entre as pessoas com SD, verificam-se diferentes níveis de maturidade e adequação. Algumas apresentam retardamento mental leve, sendo capazes de lidar com seus impulsos sexuais e relacionamentos como a maioria das pessoas. Em outro extremo estão aquelas que, muitas vezes por sua história de vida, com escassez de tratamentos e estímulos sociais, mais do que pela presença da trissomia do cromossomo 21, são impulsivas, com dificuldades de lidar com a sexualidade (…)”

A impulsividade aliada à imaturidade reflete de maneira preocupante durante a puberdade. Os jovens com S. D. que são impulsivos e imaturos acabam não sabendo diferenciar o comportamento público do particular. Por vezes podem querer exibir publicamente seu corpo, agora transformado, e experimentar as novas sensações que acompanham seu desenvolvimento sexual também em público. A sua dificuldade em entender os limites acaba assustando a todos. Em geral, eles não veem malícia em tais atitudes.

Para poderem ajudar seus filhos, os pais precisam reconhecer e aceitar as mudanças que estão acontecendo. Muitos não querem que eles cresçam e vivenciem as decepções amorosas, rejeição social e outros desafios encontrados em uma sociedade preconceituosa. Acabam, assim, por infantilizá-los, tentando retardar o processo do amadurecimento sexual.

Cabe aos pais reconhecerem que essa mudança é iminente e prepararem-se para ela a fim de poderem orientar adequadamente seus adolescentes.

Veja algumas coisas que podem ser feitas para orientar seu filho ou filha nesse momento tão importante da vida:

1. Lembre-o de que o que está acontecendo com ele é privado

Crie um ambiente em seu lar onde ele se sinta livre para expressar-se. Oriente-o a discutir esse tipo de assunto somente com sua família. Como muitos deles não têm muito discernimento sobre o que pode ou o que não pode ser falado, é melhor que seja assim, a fim de evitar que ele cometa excessos.

2. Ensine-o sobre as mudanças pelas quais estão passando de forma clara e objetiva

Fale sobre os pelos que estão nascendo no corpo e o que isso representa. Vá preparando a menina para sua primeira menstruação antes mesmo de ela chegar. Após a menarca, fale sobre gravidez.

Apesar de a fertilidade ser reduzida em pessoas com S.D. (nos homens mais do que nas mulheres), há casos documentados de reprodução masculina e feminina, onde nasceram filhos com e outros sem a síndrome. Estudos mostram que “quando o casal é formado por pessoa com a trissomia 21 livre e outra sem o distúrbio, há 50% de chances de filhos sem trissomia 21 . Quando ambos apresentam a síndrome e são férteis, a possibilidade de progênie normal é reduzida para 25%.”

Fale sobre sexo de uma forma resumida. Você conhece seu filho ou filha mais do que qualquer outra pessoa. Use uma linguagem compreensível para ele ou ela. Tente sanar suas dúvidas e coloque-se à disposição para responder a qualquer uma de suas dúvidas. Passe-lhe segurança.

3. Ensine-o a respeitar o próprio corpo e o de outras pessoas

A masturbação e as intimidades sexuais levam ao vício e a sentimentos de culpa. Oriente-o a viver cada estágio da vida no tempo certo: primeiro, conhecer o sexo oposto, depois namorar e, quando tiver maturidade suficiente para formar uma família, caso desejem, eles poderão expressar seu amor, com consciência e responsabilidade, através do sexo marital.

4. Previna-o contra abusos sexuais

Toda criança precisa ser orientada a fim de não ser um alvo de pedófilos. Os jovens com S. D. precisam receber orientações, de tempos em tempos, sobre isso. Pela ingenuidade eles podem ser vítimas fáceis de abusadores.

5. Ajude-o a ter mais autonomia

A fim de conquistar seu espaço na sociedade, ele precisa tornar-se o mais independente possível. Por isso, incentive-o a fazer as coisas por si mesmo. Ao vestir-se, fazer a barba, amarrar os cadarços e ir para a escola sozinho, ele se sentirá mais “parecido” com os outros jovens. Talvez ele tenha dificuldade de aprender estas e outras coisas. No entanto, vá treinando-o até que ele consiga.

6. Oriente-o sobre higiene pessoal

Oriente-o a manter as axilas, os pés e a região pubiana bem higienizados. A partir da puberdade o suor fica com odor mais intenso.

7. Cuide do visual do seu filho

Quando eu levava meu filho mais velho, ainda bebê, na APAE, lembro-me de ter visto um jovem com S. D., cuja aparência ficou gravada na minha memória. Ele estava vestido com calça de cós alto (quando já não era mais moda há mais de uma década) e camiseta para dentro da calça. Tanto o corte do cabelo quanto o penteado que fizeram nele, o desfavoreciam extremamente.

Vista bem o seu filho. Faça um corte bonito no cabelo dele. Ele se sentirá mais confiante e não será alvo de piadas e gozações. A fase da adolescência é uma fase em que a necessidade de aceitação é extrema. Faça de tudo para que seu filho se torne um jovem atraente.

Fonte: Familia
Autora: Erika Strassburger

Compartilhe com seus amigos

Inscreva-se no nosso Newsletter

Receba mensalmente novidades sobre eventos e atividades futuras!

Subscribe
Notify of
2 Comentários
Oldest
Newest
Inline Feedbacks
Ver todos os comentários
Marilene Ferreira
15 de março de 2021 09:55

Artigo maravilhoso!!! Sobre puberdade.

Lilia
15 de março de 2021 15:43

Excelente artigo. Anos atras não se tinha essas informações, o que dificultou muito minha trajetória com meu filho Marcelo, hoje com 40 anos.